SOBRE AS VISITAS

Agora que já passei por isto duas vezes eu acho que posso dizer que deveriam ser proibidas visitas a um recem-nascido, especialmente na maternidade.

Brincadeira, galera… Nada de proibições. Visitas são legais desde que sejam pessoas com noção e desconfiômetro. O que é muito raro, diga-se de passagem.

Eu não preciso me preocupar mais com isto, mas, para ajudar minhas colegas “gravidinhas” (eu odeio este diminutivo, mas isto é assunto para outro post), e para orientar você, visita mala-sem-alça que insiste em ir conhecer o rebento, elaborei umas dicas que na minha humilde (mas nem tanto) opinião, deveriam servir para nortear as visitas aos recém-nascidos, tanto em casa quanto na maternidade.

Vamos lá. A seguir, o que eu acho que as pessoas deviam saber antes ir visitar um bebê:

 Dica 01: Só faça uma visita a um recém nascido se você tiver intimidade com os pais.

As visitas na maternidade devem ser restritas a pessoas MUITO íntimas.

Lembre-se que a mãe vai estar de camisola, tendo acabado de parir, em meio ao turbilhão que é o início da maternidade. Ter que fazer sala pra você não está (ou não deveria estar) entre as suas prioridades. Uma boa maneira de descobrir se você é intimo o suficiente para fazer a visita na maternidade é observar as atitudes da mãe ou do pai da criança. Primeira coisa, você precisa ter recebido a notícia do nascimento diretamente por eles. Se você soube do nascimento por terceiros (pela avó, pela tia ou pelo facebook) muito provável que você não tenha intimidade suficiente com o casal, portanto, não faça a visita. Se quer ser simpático, mande um torpedo, flores, um telegrama, uma mensagem, um sinal de fumaça (kkk).

Considerando, como dito acima, que você foi avisado pelos próprios pais, deve-se observar a maneira como a notícia do nascimento foi dada. Observe o tom da notícia e os dados informados pelos pais, procurando uma dica de como eles esperam que você haja. Alguns são bem diretos e dizem: “Vem cá fazer uma visita!”. Neste caso, não tem dúvida né? Mas, nos casos menos óbvios, você pode observar, por exemplo, se há indicação da maternidade em que estão ou alguma outra informação que dê a entender que esperam uma visita sua. Um torpedo do tipo: “meu bebe nasceu, com 3 kilos, 50 cm, estamos todos bem”, indica que a mãe ou pai fez questão de te dar a noticia, mas provavelmente não espera uma visita. Talvez seja o caso de apenas mandar um torpedo de volta parabenizando. Já um torpedo que diz: “meu bebê nasceu bem, estamos no hospital das clínicas, quarto 33” já indica que esperam que você os visite ainda na maternidade. Neste caso, provalvemente te julgam intimo o suficiente para tanto, portanto, sinal verde pra tal visita.

A dica dada serve também para os pais. É uma boa forma de comunicar sua intenção. Se você quer que a pessoa te visite na maternidade, ou ao menos está aberto a isto, deixe claro ao dar a notícia, avisando onde você está ou mesmo convidando (“venha conhecer nosso bebê quando puder”, soa simpático, rs…). Ao inverso, se não quer receber muita gente, não avise onde vcs estão internados. Vale também trocar uma idéia com as avós e avôs pedindo para só avisarem sua localização aos mais íntimos (deixando claro quem são, pois este conceito, dependendo do caso, pode ser muito variável).

Dica 02: Muito ajuda quem não atrapalha

Este é um ditado bem legal, uso muito com minha mais velha. 🙂

A melhor maneira de ajudar a nova mamãe é não atrapalhar. O bebê, recém nascido, ainda não descobriu que nasceu. Ele dorme durante o dia e às vezes acorda a noite. Ele ainda não se acostumou ao ambiente externo e a última coisa que ele precisa é de muito barulho, cheiros estranhos e estímulos exagerados. Ele precisa de paz. E precisa da mãe. E a mãe precisa de paz para atendê-lo e dar atenção a ele. Caso faça mesmo a visita, fique o menor tempo possível e não insista em pegar o bebê ou em dar pitacos sobre o que ela deve fazer. Se ela quiser sua ajuda, ela vai pedir. Se quiser algum conselho, vai te perguntar. Fora isto, recolha-se à sua insignificância, rs…

Dica 03: Não vá esperando ser servido. SIRVA

Esta dica serve para as visitas na maternidade, mas, principalmente, para as visitas em casa. Quer ser uma boa visita? Apareça na casa da pessoa levando um bolo, um suco, uma garrafa de água de côco. Se quiser água, pergunte onde ficam os copos e se sirva. Ofereça também aos demais, especialmente à mãe que está amamentando.

Se tiver intimidade, ofereça-se para lavar as louças que estão na pia, ou para ajudar com alguma outra tarefa doméstica. (Se não tiver intimidade para isto, não devia nem ter ido, rs). Mas atenção: ofereça, mas não obrigue-a a aceitar. Algumas pessoas estranhíssimas não gostam que outras pessoas lavem suas louças ou mexam nas suas coisas. Eu não sei quem são estas pessoas esquisitas, mas me disseram que elas existem…rs… portanto, ofereça ajuda, mas não insista demais.

Outra dica dentro deste assunto é levar alguma coisa para a mãe e não apenas para o bebê. Não sei se todos concordam, mas eu acho muito simpático você levar algo para a mamãe, como flores, uma caixa de bombom, uns biscoitos finos. Mesmo que ela não possa comer, ela pode guardar para oferecer às visitas (como você). Nas minhas vezes, lembro com carinho dos presentes que recebi, flores e cesta de quitutes, foi muito legal receber uma atençãozinha especial. 🙂

Resumindo e complementando, compartilho com vocês 05 pequenas regras para ser uma boa visita:

1) ligue antes e pergunte (não avise, pergunte) se o horário que você pretende ir é inconveniente para a mãe. De preferência, dê duas opções de horários.

2) Não chegue muito atrasado, nem muito antes do horário marcado. Se você combinou de passar por lá por voltas das 18hs, não vale aparecer as 20hs. A mãe se programou para te receber as 18hs, ela pode não estar disponível as 20hs.

3) Tenha em mente que imprevistos com recém nascido acontecem e são comuns. Mesmo que já tenha marcado bem antes, ligue antes de sair de casa para confirmar se está tudo certo e para dar a opção da mãe desmarcar se necessário.

4) Leve alguma coisa. Um bolo, uma garrafa de suco ou de água de coco. Como já dito acima, a ideia não é ser servido, mas servir.

5) Ofereça ajuda e não pitaco. Esqueça os pitacos em casa.

Na verdade, penso que todas estas dicas seriam extremamente desnecessárias se as pessoas seguissem a primeira delas. Portanto, se ficou confuso, lembre-se apenas do seguinte: Só vá visitar um recém nascido se você tiver intimidade com o casal. Um bom parâmetro é o seguinte: você já foi à casa do casal antes de ter filhos? Se não, eu não vejo porque você deveria ir após o nascimento do filho. Se é só para conhecer o pimpolho, aguarde mais uns meses e encontre-o em algum evento social, com os pais. Eu definitivamente não entendo a mania que as pessoas têm de achar que PRECISAM visitar recéns nascidos. Não precisam. Acompanhe as fotos no facebook e aguarde encontrá-los no meio da rua.

Aos meus cinco leitores, desculpe o tom mal-humorado do post. Mas como eu não vou mais passar por isto, aproveitei para descer a lenha…kkkkkkkk

Como é ter um segundo filho?

Muita gente me pergunta isto, desde que eu tive o meu segundo, é claro. Talvez seja falta de assunto, talvez uma pergunta retórica… Enfim, só sei que de tanto ouvir esta pergunta, resolvi pensar a respeito e responder. Se você não queria ouvir a resposta de verdade, não devia ter perguntado…rs…

Como sou uma pessoa muito organizada, vou responder em tópicos!

Ter um segundo filho é:

1) uma loucura

Não sei se todo mundo que tem um segundo filho acha isto, ou se é exclusividade de quem tem um segundo filho bem próximo do primeiro. Os meus não são tão próximos assim – tipo, eu não engravidei no resguardo, como algumas – mas são próximos o suficiente para me deixar doida. Ok, mais doida.

Eu sempre quis ter filhos com idades próximas. Os meus tem dois anos de diferença. A ideia é que eles seriam amigos e que seria mais fácil criar os dois ao mesmo tempo. Bom, eu continuo firme nesta ideia, mas, por enquanto, neste início, a vida ficou mesmo uma loucura.

Tipo, se com um filho você às vezes não consegue nem ir ao banheiro ou conversar ao telefone tranqüila, imagine com dois. E se com um filho às vezes dá pra revezar com o marido, com o segundo filho não rola: é um pra cada um, marcação homem-a-homem.

Então, principalmente nos primeiros meses, eu achei bem punk. Tinha que lidar com dois universos totalmente diferentes, um bebê recém nascido que só queria mamar e uma menininha de dois anos que só queria brincar. E você tenta fazer tudo ao mesmo tempo, as vezes da conta, as vezes não (até porque imagina como é amamentar e brincar ao mesmo tempo, visualizou?). Mas acho que no final, tudo se acerta e você aprende que, na maioria das vezes, é possível atender duas crianças ao mesmo tempo. E quando não é possível, você aprende a deixar uns dois chorando de vez em quando para atender o outro. O que por um lado é muito interessante pra gente aprender, na marra, que não é mulher maravilha (não? Poxa, sempre pensei que fosse). Mas por outro, dá espaço pra um negocio terrível chamado culpa. Que é o próximo ponto.

2) Um poço de culpa

Dizem que toda mãe se sente culpada em algum momento por alguma coisa. As que trabalham se sentem culpada por não ficarem em casa com seus filhos. As que não trabalham se sentem culpadas por não ajudarem no sustento da casa ou por estar deixando de lado a sua carreira. Algumas se sentem culpadas por não conseguir amamentar, outras por não terem conseguido ter um parto normal. Eu não sei se todas as mães sentem culpa, mas eu sinto. Em vários momentos. Mas não o tempo todo.

Sinto culpa por não ter tempo suficiente para os meus filhos (e olha que eu só trabalho a tarde) e sinto culpa por deixá-los na escola por sete horas. Sinto culpa por não querer parar de trabalhar, mesmo se pudesse. Sinto culpa por falar coisas erradas perto deles, por ficar com raiva de vez em quando. Ihhhh… sinto culpa por um tantão de coisas.

Mas uma coisa é fato, a culpa aumentou significativamente depois do segundo.

Eu ficava com culpa por ter que dividir a atenção que antes era exclusivamente de Alice e ao mesmo tempo por não poder me dedicar exclusivamente ao André, como fiz com a irmã quando nasceu.

Sentia culpa por não poder levar e pegar Alice na escola e por não poder fazer André dormir no silêncio e escurinho como todo recém nascido merece. Por não poder deitar com Alice na cama todos os dias, porque estava amamentando o irmão (que mamava quase três horas seguidas!) e ver ela adormecer no sofá me esperando. Por deixar meu pequeno no berço chorando e querendo colo porque eu precisava correr no banheiro pra levar a pequena mocinha que estava aprendendo a usar o vaso, evitando um acidente.

Sim, eu senti muita culpa e ainda sinto. Já chorei muito e ainda choro. Mas no final das contas eu ainda acredito que vale a pena e que eles estão aprendendo a compartilhar e dividir desde cedo, afinal é uma mãe só pra dois.

3)  Aprender a cada dia que amor não se divide, se multiplica

Com o perdão da bregueza… adorei esta frase.

Apesar de, como disse acima, eu ter aprendido que preciso me dividir entre os dois, o segundo filho me trouxe uma experiência muito interessante. De aprender que é possível amar duas pessoas do mesmo jeito.

Porque, veja bem, eu sabia que podia amar mais de uma pessoa ao mesmo tempo. Mas não do mesmo jeito. Na minha cabeça, você podia amar o seu marido, amar a sua mãe, a sua amiga, mas cada um de um jeito. Tendo dois filhos eu aprendi que é possível amar duas pessoas da mesma categoria, digamos assim, sem preferências e sem hierarquia. Eu simplesmente amo demais os dois, como se só existisse cada um deles. E isso pra mim é impressionante.

Ainda durante a gravidez eu tinha dúvidas se isto era possível e confesso que me peguei algumas vezes preocupada com isto. Será que eu conseguiria amar o André tanto quanto amava a Alice? Será que eu deixaria de amar tanto Alice com a chegada do André? Mas graças a Deus eu vi na prática que é possível, sim, amar dois filhos ao mesmo tempo, com a mesma intensidade, e eu achei isto sensacional!

 4)      Presenciar o nascimento de uma das coisas mais lindas do mundo: o amor de irmão

Sabe quando você tem duas amigas que você adora e ainda não se conhecem? Seu sonho é que as duas se encontrem e fiquem amigas também. Mas às vezes acontece de as duas se conhecerem e não se gostarem. Ou acontece das duas brigarem e você ficar no meio (ó céus!). Ou o casal que você mais aodrava terminar e você ter que escolher se vai ser amigo do rapaz ou da garota. Daí você fica dividida, sem saber o que fazer, com aquelas duas (ou dois) brigando… pois é, eu tinha medo de que isto acontecesse com meus filhos. Tinha medo deles não se gostarem, sei lá, e de ter que ficar o resto da vida apartando os dois.

Bem, meus pirralhos ainda são pequenos, então pode ser que em algum momento da vida isto aconteça… Mas, por enquanto, o que observo é que os dois se amam e isto é muito bonitinho de ver.

O André, desde a barriga, responde quando Alice fala com ele. Era ouvir a vozinha dela e ele mexia. Bom, se ele tivesse um pouco de juízo eu diria que era medo, mas…kkkkk

E Alice, desde que ele nasceu, chama ele de bonitinho, gordinho, carinhoso e diz pra todo mundo que ele é o irmãozinho dela. Se alguém brinca que quer levar o André pra ele (e as pessoas brincam disto, nunca entendi o porquê), ela responde que não, que ele é o irmão dela, não pode levar. E o André não pode ver a bichinha que dana a “falar” e bater palminhas, rindo. Ela faz gracinha pra ele e canta dançando desengonçado pra ele rir. E ele ri, muito. Pra acordar Alice sem deixá-la mal humorada, é só levar o André. Ela acorda rindo e vai dar um abraço. Experimenta ir sem ele, pra vc ver… um mau-humor só.

Enfim, é muito lindo ver a relação dos dois e acompanhar o desenvolver deste relacionamento. Espero que eles sejam ainda muito amigos e façam muitas coisas juntos.

 

No final de tudo, eu acho que vou dizer que valeu a pena. Até agora, tem valido.

É muito trabalho, mais que o dobro (não é a toa que dizem que dois são cinco!!), mas também é muito amor. Tem dia que eu quero sair correndo e fugir pras montanhas, kkkkk. Tem dia que tudo o que eu queria era um minuto de paz pra tomar um café quietinha. Mas na maior parte do tempo eu amo estar junto com eles e fico morrendo de saudades dos meus pequerruchos!!!!! Mamãe brega é um problema!!! 😛

Como enlouquecer em dez minutos vendo um trabalho escolar

A pedido da minha querida amiga Diana, venho compartilhar esta experiência com meus queridos três leitores… kkkk

 Esclareço desde já que não sou doida, não mais do que o normal (rs), mas que este negocio de ser mãe deixa a gente meio neurótica. Ou seja, a culpa é dos pimpolhos.

 Bem, vamos ao caso.

 O fato é o seguinte: na escolinha de Alice, propuseram às crianças uma atividade sobre as suas preferências pessoais. Neste trabalho, a criança (junto com a professora, óbvio) fazia desenhos e recortes das coisas que ela gostava. O animalzinho preferido, a cor preferida, o programa de TV preferido. Na ultima página, tinha um desenho padrão de duas crianças sob o título “eu e meu amiguinho”, que a criança coloria e tinha, ao lado do desenho, o nome de quem supostamente era o amiguinho, escrito com a letra da professora. Lindo, né? Mas calma aí que vai piorar…rs….

 Num belo dia resolveram, antes de entregar para os pais, expor os trabalhos das crianças na portaria da escola. Fizeram uma mesa com todos os trabalhos das crianças, pra gente olhar, curtir um pouco e só depois de três dias que podia levar pra casa.

 Não preciso dizer que só esta parte de não poder levar pra casa já foi uma tortura né? Primeiro porque eu queria levar (mas como sou adulta, resisti). Mas Alice, como não é adulta (apesar de achar que é, rs), não entendia e todos santo dia (ok, foram só três, mas parecia mais) pedia pra ficar vendo os trabalhos na hora de ir embora e na hora de deixar lá armava uma ceninha… Mas, tudo bem, isto passou, mais uma oportunidade de ensinar pra criança que não pode fazer tudo o que quer (obrigada, escola, por esta oportunidade, como se já não houvesse oportunidades suficientes!! Rs…)

 Mas aí que, numa destas vezes em que a gente estava folheando os trabalhos alheios, eu tive uma excelente ideia (#not!). Acompanhem meu raciocínio.

 Alice tinha desenhado no tal lugar do amiguinho uma menina que se chamava Manoela. Era isto o que estava escrito pela “tia”. Então eu resolvi ir lá no livrinho da Manoela, mostrar pra Alice que a Manoela tinha desenhado ela (afinal, elas deviam ser melhores amigas, pra Alice ter escolhido ela, não?). Mas no livrinho da Manoela estava desenhada a Beatriz.

 Aí eu pensei: “gente, deve ser um trio”. Alice fala muito da Beatriz também, vou no livrinho da Beatriz… Mas no livrinho da Beatriz estava escrito que a amiguinha era a Manoela! Você acredita?? Gente, meu sangue ferveu! Fiquei me sentindo injustiçada, que ingrata esta Manoela que prefere a Beatriz do que a Alice!!!

 Aí resolvi olhar todos os livrinhos dos colegas, todos os 20 livrinhos um por um, mas nenhum tinha o nome da Alice no lugar do amiguinho. Nenhum!!! Quase chorei. Alice sem entender nada, a mãe doida olhando todos os livrinhos compulsivamente. Revoltada. Indignada. Como estas crianças ridículas não tinham desenhado Alice, a menina mais fofa e linda da escola????!!!!!

 Fui pra casa pensando nisto. Eu devia estar fazendo algo errado. De repente, Alice não era legal com os coleguinhas. Mas ela parecia tão enturmada, as amiguinhas adoravam ela, ficavam felizes quando ela chegava… que coisa! Mas não tinha jeito, eu ia conversar com a professora no dia seguinte, alguma coisa estava errada, acho que teria que mudar Alice de escola! Ou de cidade! Pensando bem, melhor ela não ir mais pra escola, este lugar terrível onde as crianças excluem as outras dos desenhinhos!!!!

 No dia seguinte, Alice, chegando na escola, quis de novo parar pra ver os trabalhos. Óbvio! Parei, meio a contragosto. Ela abriu e foi falando: olha mamãe, um peixinho (era o animalzinho preferido, supostamente um passarinho, pelo que estava escrito pela professora). Bom, ou Alice estava doida, ou a professora entendeu errado. Uma página adiante, na parte do programa de TV (onde estava escrito “a galinha pintadinha”), perguntei: e aqui, dentro da TV (onde tinha uns rabiscos), qual programa que você  desenhou? A resposta: “High-Five!”. Uaaaaaaiiiiiiiii…. Fui pra página do amiguinho: e quem é esta aqui? “Beatriz, mamãe!”. Mas não era a Manoela???

 Por coincidência, a Manoela estava chegando e veio pegar o trabalhinho dela. Toda simpática, me aproximei (assim, tipo o lobo mau, kkkk) e perguntei: quem é esta amiguinha que você desenhou? A resposta não poderia ser melhor: “Alice!” (obvio, era quem estava do lado). Pego o caderninho da Alice: “e esta, filha, quem é?” Adivinha??? “Manoela” (putz, mas há um segundo atrás era Beatriz!!!!!)

 Resumindo: as crianças são voláteis, a professora escreve o que quer e a mãe que vos fala é completamente pinel.

 Não precisei mudar Alice de escola (não por este motivo, rs), nem de cidade, e aparentemente ela está bem no que diz respeito à amizade.

 Nota final: ainda bem que criança de dois anos não sabe ler, nem palavras, nem pensamentos. 🙂

Revendo os valores: Consumismo

Ser mãe me fez mudar algumas perspectivas. A principal delas foi no que diz respeito ao consumo.

 Eu nunca fui uma pessoa excessivamente consumista, daquelas que enlouquecem num shopping, gastam mais do que ganham, se endividam no cartão de crédito…

 Mas depois de ser mãe comecei a pensar mais sobre esta questão do consumo, sobre os valores que passamos para as nossas crianças e sobre os meus próprios valores e cheguei à conclusão que somos (nós, a sociedade como um todo) muito consumistas e que isto não é legal.

 Parece muito clichê isto que eu estou falando, né? Porque é bem obvio que ser consumista não é legal. E que a sociedade de consumo em que vivemos é muito consumista (olha a redundância aí, galera!) e que temos que mudar isto, etc e  tal. Mas e aí, na prática, o que fazemos?

 Bom, na minha prática, acabei mudando muitas coisas na minha vida depois de ter este “clique”! Vou contar algumas delas.

 A primeira coisa, é que comecei a me questionar mais a respeito da real necessidade das coisas. Eu preciso mesmo disto que eu vou comprar? Meus filhos precisam deste item? Ou é só mais um capricho?

 Comecei isto na época de fazer o enxoval. É muita coisa bonitinha (ainda mais que a minha primeira era menina!) e muita coisa que o comércio afirma que você “tem que ter”! Mas será mesmo que você tem que ter? Será mesmo que sua filha precisa daquele conjuntinho de saída da maternidade de 400 reais, ou daquela mala de florzinha bordada de marca? A resposta para muitas coisas era: não. Ela não precisa. Ela precisa de uma roupa para sair da maternidade, mas não precisa de ser esta de 400 reais. Ela precisa de uma mala, de uma bolsa (na verdade, nem precisa, né?), mas definitivamente não precisa ser de marca, nem bordada, nem de couro importado de sei-la-onde.

 Até porque se você for pensar mesmo no que uma criança pequena precisa, não é muita coisa. Uns paninhos, 3 mudas de roupa, peito. Acabou. O resto é desnecessário. Mas, veja bem, isto não quer dizer que não sejam úteis. Então, definido que as coisas não são necessárias, vamos analisar a utilidade. E aí entra a questão do custo x benefício. Comprar só o que vale a pena, o que vou realmente usar e tenha um custo razoável. Não comprei o melhor dos carrinhos e nem o melhor dos berços. Não comprei roupas de marca, nem sapatos de marca. Alias, evito, em geral, itens de marca, porque geralmente se paga muito mais apenas pela “marca”.

 É claro que eu não consegui chegar ao ponto ideal. Eu tenho e meus filhos tem muitas coisas que não precisam. Uma vez ou outra a gente sucumbe e acaba comprando uma coisa que não precisa, mas QUER. Ok. Desde que não seja regra. Desde que você tenha consciência de que não precisa daquilo e que esta comprando porque quer, está abrindo uma exceção. Nada de mal nisto. Só acho que a gente precisa abrir os olhos e parar de achar que precisa de tudo. Pare. Reflita. Você precisa mesmo? Quando você decide que não precisa de alguma coisa que todo mundo acha que você precisa, você se liberta. Você está livre, inclusive, para comprar aquela coisa. Comprar porque quer. Porque achou bonito e não porque todo mundo acha que você precisa.

 A segunda coisa que mudei a partir da percepção de que devia ser menos consumista foi que comecei a valorizar a reutilização das coisas. O aproveitamento das coisas usadas. Para frear este clico infindável de consumo.

 Assim, busquei pegar algumas coisas emprestadas e comprar coisas semi-novas. Descobri bazares na internet, alguns especializados em coisas para bebês, onde as pessoas anunciam coisas que não queriam mais a preços módicos. E comecei a vender e doar as coisas que eu também não ia usar mais. Acho este um ciclo bem saudável. Não vamos acumular objetos. Compre só o necessário, empreste o que você puder e doe o que você não quer mais. Troque. Trocar é muito legal. Tive uma experiência muito boa de trocar algumas roupinhas de menina (que Alice não usava mais) por outras de menino (para André, que ia nascer) com uma mãe que tinha um menino mais velho e estava grávida de uma menina; Sensacional! E não só porque é mais econômico, mas porque para mim parece a cosia certa a se fazer. Frear o consumismo, reaproveitar as coisas. Eu me sinto contribuindo para um mundo melhor, rs…

 E a terceira coisa que tive que fazer foi a mais difícil. Foi rever meus valores e mudar de postura quanto ao dinheiro, para passar os valores que eu considerava corretos para os meus filhos.

 Mais do que não ser consumista, eu queria (e quero) muito que os meus filhos não sejam consumistas. Eu tenho pavor de criança mimada que tem tudo e não valoriza um presente, de criança que acha que tudo se compra, que tudo está a venda. Que o dinheiro é a resposta para tudo. Eu não quero que meus filhos sejam assim. Mas como ensinar isto a eles se a gente mesmo age assim?

 O melhor meio de se ensinar algo para uma criança é o exemplo, e nós sabemos disto. De nada adianta palavras, discursos, se não mostrarmos na prática como fazer. E assim eu comecei a mudar algumas coisas.

 Passei a me conter na hora de comprar presentes para Alice. Mesmo que coisas pequenas. Nem todo passeio precisa incluir um presentinho, uma lembrancinha.

 Passei a sair de casa pra passear sem dinheiro. Às vezes ela me pede uma coisa e eu digo que não tenho dinheiro naquela hora (por exemplo, uma pipoca na porta da escola). Às vezes ela chora, acha muito ruim. Mas depois foi aprendendo que, às vezes, a mamãe tem dinheiro disponível e, às vezes, não. Em algumas ocasiões ela pergunta: você tem dinheiro mamãe? E eu digo que não. E ela aceita. Às vezes, gente, às vezes… tem vezes que ela chora horrores também né, mas… faz parte do aprendizado.

 Comecei a explicar aos poucos, que, mesmo tendo dinheiro, não era destinado àquele fim que ela queria. Esta parte ainda estamos aprendendo, rs… Mas a ideia é mostrar pra criança que o dinheiro não está disponível para o que ela quer sempre, que temos outras coisas pra fazer com o dinheiro. Que o dinheiro acaba, eventualmente. E, muito importante: que quem define a prioridade para gasto do dinheiro é você (mãe ou pai) e não ela. Caramba! Esta parte é bem dificil. Até porque eu tenho uma pequena candidata a ditadora dentro de casa (quem será que ela puxou?? KKKKKK). Mas eu to tentando, firme e forte… daqui a alguns anos venho contar se deu certo! 🙂

Coisas para levar para a maternidade

Meu primeiro post, após a inauguração, é bem trivial, mas muito útil.

Tenho algumas amigas grávidas que me pediram ajuda com uma lista de itens para levar para a maternidade. Então resolvi resgatar minhas listas antigas, acrescentar uns comentários pessoais e publicar. Se alguma amiga mãe lembrar de mais alguma coisa, por favor, acrescente nos comentários, que colocarei no post com os devidos créditos.

Vamos lá!

Na bolsa da mamãe:

– 05 camisolas. Eu sei que você só vai ficar 3 dias na maternidade, mas… acidentes acontecem. O seu leite vaza, o neném faz cocô em você, você sangra e suja a camisola. Nada disso pode acontecer, mas, se acontecer, é bom ter uma camisola extra.

– roupas: eu não usei roupas nos dias em que fiquei internada. Calma, eu não andava pelada, rs… Eu ficava de camisola, claro. Por isso investi em camisolas decentes e bonitinhas, estilo vestidinho, para poder receber as visitas.

– chinelo. Pode ser uma pantufa bonitinha ou mesmo um par de havaianas, o que você achar melhor

– 05 calcinhas pós parto grandes e confortáveis. Nada de cinta, pelo menos nos primeiros dias. O uso de cintas é controvertido e assunto para outro post. Mas, independente de você ter optado por usar ou não cintas, não será nestes primeiros dias após o parto. Recomendo calcinhas grandes, altas e confortáveis, para dar uma segurada na pança sem apertar demais. Não pode ser o mesmo número que você usava antes de engravidar, compre um número maior. Pelo mesmo motivo das camisolas, melhor levar a mais do que a menos.

– 02 sutiãs de amamentação

– absorvente pós-parto. Algumas usam absorvente comum noturno, outras usam as fraldinhas do neném. Eu comprei estes absorventes próprios para pós-parto, são grossos e feios, mas serviram pra segurar o fluxo que fica bem intenso depois do parto. O tempo e a quantidade de sangramento varia muito de pessoa para pessoa. Eu usei por mais ou menos uns 5 dias, então um pacotinho já dá.

– absorvente para os seios. Este item pra mim foi muito importante. No início da amamentação o ritmo ainda não está estabelecido, então pode acontecer de o leite vazar muito. Eu usei da marca LASINOH, americana, são os melhores na minha humilde opinião (não tão humilde, rs). Mas no Brasil você também encontra outros bons, os que mais gostei foram da Johnson e Johnson.

– uma roupa larguinha e bonitinha pra você usar na saída da maternidade. Recomendo um vestidinho, de preferência com botões no peito ou com um decote bom para amamentar.

– itens de nécessaire. Os que você usaria numa pequena viagem. Shampoo, sabonete, escova de dente, pasta de dente, escova de cabelo, etc. Pequena dica: leve itens para prender o cabelo, como borrachinhas, faixas, tic tacs, o que você usar. Ajuda a domar as mechas quando acordar e também na hora de amamentar.

– maquiagem. Sério, não me matem! Não precisa levar um arsenal de maquiagem, nem contratar um maquiador profissional (foi uma brincadeira, gente, peloamor!!). Mas até eu que não sou nada patricinha (eu não sou, pode perguntar à minha irmã) achei que vale a pena levar pelo menos um pozinho e um batom. Porque as pessoas insistem em tirar foto, você mesma vai querer uma foto com o seu bebe e vai se sentir melhor se puder dar uma ajeitadinha antes.

– pomada para os seios de lanolina pura (existem de varias marcas, esta pomada é ótima pois ajuda na cicatrização e na hidratação das mamas para não rachar. E o bom é que não precisa ser retirada antes  de amamentar. Eu usava uma pequena quantidade após cada mamada)

 

Na bolsa do bêbe:

– 05 kits de roupinha. Como sempre, eu, muito precavida, digo para você levar a mais. Os bebês podem golfar, fazer cocô, xixi ou sei lá mais o que (rs…) e sujar a roupinha. Sempre bom ter um kit a mais. Separe os 03 oficiais, mais bonitos e deixe os outros dois para reserva, podem ser mais simples.

O que tem em cada kit: 1 roupinha (sugiro que seja de malha de algodão ou outra coisa molinha e confortável), 1 sapatinho ou meia, 1 luvinha, 1 manta ou cueiro, 1 pano de boca e 1 pano de ombro. Esta é a hora de você liberar toda a sua bregueza e fazer tudo combinando!! Rs… pode colocar o nome do príncipe bordado a ouro, o que vc quiser, kkkkkk… Zueria total galera, freia a bregueza, por favor.

– sabonete liquido neutro. Eu gosto do Johnson e Johnson da cabeça aos pés rosa. Sei que tem um monte de gente que não gosta da marca e tal… enfim, mais uma vez assunto para outro post. Escolha um que você goste e leve.

– tesoura de unha ou cortador (tem uns nenéns que nascem com a unha comprida)

– cotonetes e algodão para higiene do bebe

– alcool 70° para limpeza do umbigo

– fraldas descartáveis RN – 1 pacote de 20.

 

Outros:

– Maquina fotográfica e/ou filmadora

– Livrinho de assinaturas / recadinhos: eu acho o máximo, mas nos meus eu esqueci dentro da bolsa e não pedi pra ninguém assinar L

– 1 caneta – para assinar o livro, ué! Rs…

– Documentos do pré-natal: todos os exames que você fez (de sangue, ultrassom) e o cartão de gestante (que seu obstetra te deu)

– Seus documentos pessoais e cartão do plano de saúde

– Lembrancinhas de maternidade e enfeite de porta (se você tiver feito)

– Lanchinhos. Sim, lanchinhos. Biscoitos, barrinha de cereal, fruta, suco, um chocolatinho. Você pode precisar no trabalho de parto que, às vezes, demora muuuito. Mesmo que você não queira, o papai pode querer, rs…

– Não esquecer de colocar a cadeirinha no carro, preparadinha pra trazer seu bebe pra casa.

– celular e carregadores. Pra mandar torpedinhos dando a notícia e postar no feicebuk!! Kkkkkk…

– secador de cabelo (se você resolver lavar a cabeça a noite, é ruim deitar com o cabelo molhado, né? Tem gente que diz que não devemos lavar a cabeça depois de parir. Já li que antigamente a mulher não lavava os cabelos durante todo o resguardo, rs… mas acho que hoje não tem esta proibição não, nos meus dois partos eu lavei a cabeça no segundo dia).

– travesseiro e roupa de cama para o acompanhante – os hospitais não costumam fornecer.

– malinha do acompanhante: uma muda de roupa, nécessaire, chinelo. Afinal, ele também vai passar as noites lá, né? Especialmente se a maternidade for longe da sua casa. Se for perto, ele pode dar uma escapada pra tomar um banho e pegar o que falta, mas é bom levar pelo menos o básico pro primeiro dia.

  

O QUE NÃO LEVAR PRA MATERNIDADE:

– leite artificial. Não leve. Algumas mães ou avós têm a mania de levar o leite artificial para o caso de a mãe não ter leite. Gente, isto não existe. Você vai ter leite. 99% das mães têm leite. Caso você seja a infeliz que compôs este 1%, é muito rápido ir na farmácia e comprar. Não se preocupe com isto agora. Confie que você vai ter leite e que tudo vai dar certo. Levar um leite artificial só vai aumentar a sua ansiedade e atrapalhar na hora de resistir aos “pitacos” de outras pessoas que vierem dizendo que o neném está com fome. Na maternidade, o seu leite ainda vai ser pouquinho, só o colostro, mas suficiente para alimentar seu bebê. Nestes primeiros dias é importantíssimo você ter paciência e confiar que ele estará sendo bem alimentado. Resista à tentação e aos pitacos e insista na amamentação. Por este motivo, NÃO LEVE O NAN.

– um livro. Eu levei, acredita? Kkkkk

– roupas desconfortáveis para o bebê. Impressionante como as pessoas tem a capacidade de fazer roupas desconfortáveis para RECEM NASCIDOS. Algumas são lindas, mas não valem a pena. Pense que seu bebezinho vai estar super desconfortável com a própria situação, acabou de sair da barriga e nem sabe o que está acontecendo… a ultima coisa que ele precisa é de uma roupinha pinicando. Invista em pimpãozinhos (ou pimpõezinhos?) – aquelas roupinhas inteiras, com mangas e pernas compridas – de malha de algodão, bem macio e com abertura frontal, pra evitar de passar pela cabeça do bebê. Quanto menos trabalho para colocar, melhor.

– roupas desconfortáveis para você. Por motivos óbvios né.

Inauguração

 Depois de uns dois anos enrolando, resolvi, enfim, começar um blog.

Desde que estava de licença maternidade pela primeira vez (Alice hoje tem quase três anos) eu pensava em começar um blog. Muito tempo com a mente livre (apesar do corpo ocupado), muita coisa passando pela cabeça, muitas mudanças, me fizeram ter vontade de compartilhar estas mudanças com outras pessoas.

Some-se a isto o fato de que eu adoro escrever. Desde nova, escrevo agenda, diários, poemas, ensaios, até artigos científicos. Com 9 anos pedi ao meu avô de presente de aniversário uma maquina de escrever (sim, eu sou desta época), porque eu queria ser escritora. Depois, com a minha profissão, comecei a escrever muito, todos os dias, mas coisas técnicas, com palavras difíceis… bem diferente de escrever um blog, né?

Bem, fato é que sempre tive esta vontade, mas me faltava coragem. E também assunto, rs… Afinal, escrever um blog sobre o que?

Com a experiência da maternidade, comecei a freqüentar muitos blogs de mães. Dezenas, talvez centenas… Muita gente gosta de escrever sobre as experiências de ser mãe. E muita gente gosta de ler, inclusive eu. Então resolvi ser mais uma. E começar o meu próprio blog.

Mas este não é um blog sobre maternidade. Este é um blog de uma mãe. Como eu estou no auge da minha maternidade, digamos assim – com dois filhos pequenos, uma com quase três anos e um de 9 meses, acho que por enquanto o único assunto que tenho para falar é sobre os filhos. Mas quem sabe com o tempo não surgem outras idéias interessantes? Aceito sugestões, inclusive.

E se você chegou até aqui, bem vindo! Espero ter pelo menos uns cinco leitores (mamãe, papai, meu marido, minha irmã, rs…).

Até o próximo post.